Rodrigo Abd
“Infância Suspensa”
Rodrigo Abd nasceu em Buenos Aires em 1976. Sua carreira como fotógrafo começou nos jornais “La Razón” e “La Nación”, entre 1999 e 2003. Desde 2003, é fotógrafo da agência “Associated Press” (AP). Até 2012, exceto em 2006, quando esteve estabelecido por um ano em Cabul, Afeganistão, sua base foi na Guatemala. Entre 2012 e 2020, residia em Lima, Peru. Desde 2021, reside em Buenos Aires, cobrindo, como ao longo de toda sua carreira, conflitos sociais ao redor do mundo.
Juntamente com uma equipe de fotógrafos da AP, foram ganhadores do Prêmio “Pulitzer” em 2013 por seu trabalho na guerra civil da Síria e também em 2023 pela cobertura da guerra na Ucrânia. Entre outros prêmios individuais, destacam-se o “World Press Photo” em 2013, o prestigioso prêmio “Maria Moors Cabot” da Universidade Columbia, por sua excelência na cobertura na América Latina e no Caribe em 2016, e em 2022, o prêmio “GABO” por sua cobertura da guerra na Ucrânia.
Sinopse: “Infância Suspensa”
Estas fotos não documentam afegãos cruzando campos, cidades ou mares. Nem as contingências que enfrentam nos lugares onde começam a reconstruir suas vidas. Este trabalho tenta, pelo contrário, retratar a cotidianidade de uma população que resiste em seu próprio território, dois anos após a tomada do poder pelos talibãs.
Meninas adolescentes que são proibidas de estudar — e que nem mesmo protestam mais por medo de retaliação do governo —, mulheres adultas que a cada dia têm mais restringido o direito ao trabalho; tudo isso em meio a uma crise econômica brutal que empurra milhares a empreender a tortuosa jornada migratória em busca de refúgio em países vizinhos ou na Europa.
As fotos foram tiradas com uma câmera instantânea, chamada de “kamra-e-faoree”, um dispositivo muito popular em todo o mundo nas décadas de 60, 70 e 80, mas que no país Persa continuou sendo usado até o início dos anos 2000. Foi nessa época, caminhando pelas ruas de Cabul como correspondente da agência “Associated Press”, que encontrei fotógrafos de rua fazendo retratos com esse equipamento, para aqueles que precisavam de fotos instantâneas para trâmites burocráticos. Eles me ensinaram a usar a câmera e transmitiram o carinho que sentiam por uma profissão completamente artesanal.
O objetivo desta exposição é sensibilizar novamente o público global que por décadas voltou seu olhar para o Afeganistão, um país que atualmente parece ter desaparecido da agenda mundial.
Foto 1 – Hakimeh, de 55 anos, é abraçada por sua filha Fereshte, de 17, enquanto posam para um retrato em uma fábrica de tapetes onde trabalham em Cabul, Afeganistão, na segunda-feira, 29 de maio de 2023. Mãe e filha têm trabalhado juntas nesta oficina de tapetes por um ano. Antes de trabalhar na fábrica de tapetes, Hakimeh trabalhava nas casas de pessoas ricas. Seu marido é um trabalhador braçal que trabalha com um carrinho na cidade. Fereshte estudou até o oitavo ano, mas após o fechamento das escolas, não pode mais frequentar a escola e trabalha para ganhar dinheiro e sustentar sua família.